O Eco do Além: A Escultura Transparente como Gancho de Aventura e Armadilha Astuta

Um fragmento de vazio que sussurra segredos antigos, a Escultura Transparente é tanto uma promessa de conhecimento quanto uma perigosa isca para os incautos.

A Escultura Transparente

Em meio às brumas do tempo e aos ventos de desertos esquecidos, surgem artefatos que desafiam a compreensão, capazes de tecer o véu entre a vida e a morte. A Escultura Transparente é um desses mistérios, uma peça de material translúcido e aparentemente etéreo, que parece pulsar com uma energia distante, fria e inescapavelmente antiga. Sua forma é mutável, como se o vento que a criou ainda a moldasse, tornando-a um espetáculo de geometria impossível e beleza fantasmagórica. Ela é frequentemente encontrada em locais onde a linha entre os planos se tornou tênue, ou após eventos cataclísmicos que romperam barreiras dimensionais, sendo a origem exata um enigma ainda não desvendado.

Poder e Função: O Sussurro dos Mortos

A Escultura Transparente serve como um conduto, uma ponte delicada para os reinos dos espíritos e dos mortos. Seu poder primário é a Comunicação Etérea, permitindo que seu portador estabeleça contato breve e fragmentado com espíritos errantes ou ecos psíquicos de indivíduos falecidos em uma área próxima. Ao ser ativada, a escultura emite um zumbido quase inaudível, que ressoa nas almas dos que partiram, atraindo-os para seu alcance. O usuário pode então fazer perguntas, recebendo como resposta murmúrios, imagens mentais ou breves impressões de emoções e memórias. Este poder não ressuscita os mortos nem lhes concede voz plena; é um vislumbre, um eco do que foi.

História e Lore: Fragmentos de um Passado Nebuloso

Lendas contam que a Escultura Transparente não foi criada, mas sim soprada para a existência por tempestades de areia em um deserto que é, em si, uma tumba para civilizações esquecidas. Foi possuída por oráculos visionários que buscavam conselhos dos ancestrais, por necromantes que desejavam desvendar os segredos da vida e da morte, e até por aventureiros desesperados em busca de respostas sobre entes queridos perdidos. Cada interação parece deixar uma marca, um resíduo espectral, que a torna um arquivo vivo das vozes que já acessou. Há sussurros de que ela pode ser um fragmento de um ser ou uma estrutura maior, um 'olho' ou 'ouvido' de uma entidade interplanar que observa a passagem dos vivos e dos mortos.

Funcionamento Mecânico: Conectando-se ao Além

Para ativar a Escultura Transparente e acessar sua Comunicação Etérea, um personagem deve gastar uma hora de concentração ininterrupta, realizando um pequeno ritual que envolve o foco de sua própria essência vital e um componente material de valor simbólico (como um punhado de terra de um cemitério, uma lágrima derramada de luto genuíno ou um incenso de ébano). Ao final da hora, o personagem deve fazer um teste de Inteligência (Arcanismo ou Religião) CD 15. Em caso de sucesso, a comunicação é estabelecida por 1d4 minutos. Durante este tempo, o usuário pode fazer até três perguntas simples a um espírito presente, que responderá com até duas palavras ou uma imagem mental clara por pergunta.

• Falha no Teste: O usuário ganha 1 nível de Exaustão e a Escultura não se ativa até o próximo descanso longo.
• Falha Crítica (1 Natural): Além da exaustão, um espírito malévolo menor (como um Sombra ou Espectro) é atraído para a localização em 1d6 horas e é hostil.
• Sucesso Crítico (20 Natural): O espírito é mais cooperativo, respondendo com até cinco palavras ou uma breve frase por pergunta, e o tempo de comunicação dobra.

O uso da Escultura é limitado a uma vez por dia, recuperando-se à meia-noite. O Mestre deve determinar a natureza e o conhecimento do espírito que responde; ele pode ser ignorante, enganoso ou apenas ter informações limitadas ao seu estado de morte.

Impacto na Campanha: A Isca Perfeita

A Escultura Transparente é uma ferramenta narrativa extraordinária para Mestres. Como gancho de aventura, pode ser a chave para desvendar um mistério antigo, encontrar um tesouro perdido ou descobrir a verdade por trás de uma injustiça. No entanto, seu maior potencial reside em ser usada como isca em uma armadilha para heróis. Um vilão astuto pode posicionar a Escultura em um local de difícil acesso ou aparentemente abandonado, sabendo que seu poder de comunicação com os mortos atrairá personagens com passados trágicos, sede de conhecimento ou aqueles em busca de respostas desesperadas. Imagine um castelo arruinado onde a escultura parece 'chorar' pelos segredos de seus antigos ocupantes, atraindo os heróis para um salão onde os portões se fecham e uma emboscada os espera. O espírito 'convocado' por ela pode até ser um simulacro criado pelo vilão, ou um espírito iludido para dar informações falsas, levando os heróis a um beco sem saída ou a um perigo ainda maior.

Considerações de Balanceamento: O Preço do Conhecimento

Para manter o equilíbrio na mesa, as limitações da Escultura Transparente são cruciais. Os custos de Exaustão e a chance de atrair criaturas malévolas impedem o uso indiscriminado. O Mestre deve ter controle total sobre as respostas dos espíritos: elas devem ser ambíguas o suficiente para não quebrar a narrativa ou resolver todos os problemas da campanha de uma vez. O objetivo é fornecer pistas e ganchos, não soluções diretas. A Escultura pode até corromper sutilmente o usuário ao longo do tempo, concedendo visões fragmentadas sem que ela esteja ativa, ou tornando-o mais etéreo e introspectivo, ou até mesmo atraindo uma entidade parasita que busca um corpo.