O dia em que Ed Greenwood mudou a história do RPG com OSR (Old School Revival)
Às vezes, a história de um hobby é moldada não por um grande evento, mas pela persistência e genialidade de uma única mente que, ao longo do...
Às vezes, a história de um hobby é moldada não por um grande evento, mas pela persistência e genialidade de uma única mente que, ao longo do tempo, define o próprio espírito do que viria a ser revivido.

Para muitos, o nome Ed Greenwood é sinônimo de Forgotten Realms, um dos cenários mais ricos e amados de Dungeons & Dragons. Mas a sua influência vai muito além de reinos, masmorras e magos arquétipos como Elminster. Greenwood é, na verdade, um arquiteto silencioso, um pilar fundamental da 'velha escola' de D&D que, anos depois, seria a centelha para o movimento Old School Revival (OSR). Embora ele não tenha 'criado' o OSR, sua obra seminal *definiu* o que o OSR buscava reviver.
O que é, afinal, o OSR? É um movimento que busca resgatar a essência e o estilo de jogo das primeiras edições de RPG, principalmente D&D, dos anos 70 e início dos 80. Foco em exploração, masmorras perigosas, letalidade elevada, criatividade dos jogadores para resolver problemas, um mundo que não se importa com os personagens e um mestre que prioriza 'rulings over rules' (decisões sobre regras). É uma volta às raízes onde o perigo espreita em cada canto e a glória é conquistada com inteligência, não com otimização de builds.
E onde Ed Greenwood entra nessa equação? Sua paixão por D&D começou praticamente com o jogo, em 1975. Ele não apenas jogou, mas também construiu um mundo tão vívido e detalhado que a TSR (e depois a Wizards of the Coast) o adotou oficialmente. Os Forgotten Realms de Greenwood são o epítome de um mundo 'sandbox' vivo, respirando e cheio de perigos. Suas aventuras não eram sobre seguir um enredo linear, mas sobre sobreviver e prosperar em um ambiente implacável e cheio de mistérios, onde cada item mágico tinha uma história e cada taverna escondia segredos. Essa era a essência da 'old school' em seu auge.
Portanto, o 'dia' em que Ed Greenwood mudou a história do RPG com OSR não foi um único amanhecer ou um pronunciamento. Foi a soma de incontáveis sessões, anotações, artigos na Dragon Magazine e módulos de aventura que, ao longo de décadas, solidificaram um estilo de jogo. Ele pavimentou o caminho para que, anos mais tarde, mestres e jogadores pudessem olhar para trás e dizer: 'É isso que queremos reviver!'. Seu trabalho é o DNA, o arquétipo do que o OSR prega: um mundo a ser explorado, perigo constante e recompensas merecidas.
Para nós, mestres, a lição de Greenwood e do OSR é ouro: **foco na exploração e na agência dos jogadores**. Construa um mundo com locais interessantes, monstros imprevisíveis e facções em conflito, mas não predefina a solução ou o caminho. Deixe os jogadores guiarem a narrativa com suas escolhas. Crie ameaças reais e consequências palpáveis. Um acampamento noturno pode ser fatal, um tesouro pode estar guardado por algo terrível, e nem todo NPC é amigável. Essa imprevisibilidade gera tensão e momentos memoráveis.
Se você quer experimentar essa pegada em sua mesa, não precisa migrar totalmente para um sistema OSR (embora eu encoraje a dar uma olhada em clássicos como Old School Essentials, Labyrinth Lord ou os próprios B/X Essentials). Em vez disso, incorpore elementos: use tabelas aleatórias para encontros e tesouros, crie masmorras com múltiplos caminhos e segredos, evite dar 'plot armor' aos personagens e recompense a criatividade dos jogadores com XP por ouro encontrado ou por desafios superados de maneiras inteligentes, não apenas por matar monstros. Ed Greenwood nos ensinou que um mundo rico e perigoso é a melhor tela para histórias épicas.
A influência de Ed Greenwood no RPG é um testamento de como a paixão e a dedicação de um criador podem reverberar por gerações. O OSR, ao reverenciar os princípios que ele tão brilhantemente encarnou, não apenas celebra o passado, mas também oferece um caminho vibrante para o futuro do nosso hobby, onde a imaginação e a aventura selvagem ainda reinam supremas.