A Fascinante História do OSR: O Retorno Curioso às Raízes do RPG de Mesa
Ah, mestres e aventureiros! Quem nunca ouviu falar do misterioso OSR, ou Old School Revival, e se perguntou de onde veio essa onda de nostal...
Ah, mestres e aventureiros! Quem nunca ouviu falar do misterioso OSR, ou Old School Revival, e se perguntou de onde veio essa onda de nostalgia e "gameplay hardcore" que varreu o mundo do RPG de mesa? Longe de ser apenas uma moda passageira, o OSR representa um movimento apaixonado, um verdadeiro mergulho nas origens do hobby, resgatando filosofias de jogo que moldaram gerações. Para muitos, é um reencontro com a essência bruta e desafiadora das primeiras mesas; para outros, uma descoberta de um estilo de jogo que preza pela astúcia do jogador e pela liberdade narrativa acima de tudo. Mas qual é a história curiosa por trás dessa ressurreição?

Para entender o OSR, precisamos voltar no tempo, para a década de 70, quando Gary Gygax e Dave Arneson acendiam a primeira centelha do Dungeons & Dragons. As edições originais (OD&D) e as primeiras versões de AD&D não eram livros de regras tão extensos quanto os de hoje. Elas ofereciam um esqueleto, um conjunto de diretrizes que esperavam que o Mestre preenchesse com improviso, bom senso e decisões rápidas ("rulings, not rules"). O foco era a exploração de masmorras mortais, a gestão de recursos escassos e a resolução de problemas de forma criativa pelos jogadores, não pelos números da ficha de personagem. À medida que o hobby crescia e as edições se sofisticavam, muitos sentiram que algo dessa essência se perdia, com regras mais detalhadas e personagens cada vez mais "heroicos" e menos vulneráveis.
Foi no início dos anos 2000, impulsionado pela internet, que essa chama começou a reacender. Veteranos do RPG, nostálgicos e insatisfeitos com a complexidade e a previsibilidade das edições mais modernas, começaram a se reunir em fóruns e blogs. Nomes como James Maliszewski, com seu influente blog "Grognardia", e Delta, do "Delta's D&D Hotspot", tornaram-se pilares dessa discussão, articulando os princípios do "old school play". Eles não buscavam apenas jogar as regras antigas, mas recapturar a filosofia por trás delas: letalidade, resolução de problemas pelo jogador, exploração, e a imprevisibilidade do dado. Esse movimento se consolidou sob o guarda-chuva do "Old School Revival", ou OSR.
Os pilares do OSR são claros: a ênfase na habilidade do jogador sobre as estatísticas do personagem; um mundo perigoso e sem piedade onde a morte espreita em cada canto (sim, os TPKs são comuns!); a importância da exploração e da descoberta; e a primazia das "rulings" (decisões do Mestre) sobre as "rules" (regras estritas do livro). Isso significa que, muitas vezes, não há uma regra para tudo, e o Mestre é encorajado a improvisar e julgar as situações de forma lógica e coerente com o mundo. O resultado é uma experiência de jogo mais emergente, imprevisível e, para muitos, profundamente recompensadora.
O sucesso do OSR levou ao surgimento de diversos "retro-clones" e sistemas inspirados. Graças à Licença Aberta de Jogo (OGL) e à disponibilidade de Sistemas de Referência de Documentos (SRDs) de edições antigas, criadores puderam desenvolver e publicar novos jogos que replicavam a sensação dos clássicos, mas com mais clareza e organização. Títulos como Labyrinth Lord, Swords & Wizardry e, talvez o mais popular hoje, Old-School Essentials (OSE), tornaram-se portas de entrada para essa filosofia de jogo, oferecendo regras concisas e modulares que facilitam a vida de mestres e jogadores, enquanto mantêm o espírito "old school" intacto.
Para o Mestre que deseja mergulhar no OSR, a primeira dica é abraçar a improvisação. Tenha tabelas de encontros aleatórios, tesouros estranhos e PJs prontos para preencher o mundo. Não tenha medo de colocar os jogadores em situações difíceis, onde a solução não é combate, mas sim inteligência, diplomacia ou uma boa fuga. Encoraje a criatividade dos seus jogadores e recompense soluções engenhosas, mesmo que fujam do roteiro. Lembre-se: o mundo é perigoso, e a sobrevivência é uma conquista. A morte de um personagem não é um fracasso, mas parte da narrativa, um incentivo para o próximo personagem ser mais astuto e cauteloso.
Se você se interessou por essa vertente do RPG, recomendo fortemente explorar o Old-School Essentials (OSE). Seus livros, especialmente o Classic Fantasy Player's Tome e o Classic Fantasy Referee's Tome, são exemplos brilhantes de como regras antigas podem ser apresentadas de forma moderna, clara e concisa. Para enriquecer suas mesas, considere também módulos de aventura clássicos ou inspirados no OSR, que focam na exploração de masmorras e no perigo iminente – muitos estão disponíveis em plataformas como DriveThruRPG. E não subestime o poder de uma boa lista de nomes aleatórios ou geradores de encontros; eles são ferramentas inestimáveis para a improvisação OSR.
O OSR não é apenas uma viagem no tempo; é uma filosofia de jogo que prova a atemporalidade de certos elementos fundamentais do RPG: aventura, perigo, descoberta e a engenhosidade humana. É um convite para desbravar masmorras, gerenciar recursos e sobreviver com astúcia, onde a história emerge das ações dos jogadores e da imprevisibilidade do mundo. Seja você um veterano em busca de suas raízes ou um novato curioso por um desafio diferente, o Old School Revival tem algo fascinante a oferecer. Prepare seus dados e sua coragem, a aventura espera!